A cadelinha Índia, da raça Fox Paulistinha, levava uma vida bem ativa na chácara da família nos primeiros anos de vida. Depois da mudança para um apartamento na capital paulista, as brincadeiras ao ar livre foram reduzidas aos finais de semana, até a propriedade ser vendida.
Sem o espaço em que estava acostumada a correr e brincar, a tutora de Índia começou a observar um comportamento agressivo da cadelinha, além de machucados pelo corpo e queda de pelo acentuada em algumas regiões.
"Levei-a ao veterinário, que receitou calmantes e florais, pois ela ficava irritada com facilidade. Depois que meu filho se mudou, ela começou a caçar moscas imaginárias e as feridas ficaram piores. Eu não tinha disponibilidade de passear com ela diariamente", conta Damaris Lago, tutora de Índia.
Cadelinha Índia, da raça Fox Paulistinha, teve distúrbios de comportamento — Foto: Damaris Lago/Arquivo pessoal
O veterinário Aldo Macellaro Júnior, de Itu (SP), explica que se o cachorro fica muito tempo sozinho dentro de casa, sem brincar ou interagir com outros cães, ele passa a apresentar um distúrbio de comportamento que pode variar da agressividade à apatia e ao isolamento.
"Existem casos em que é preciso entrar com medicamentos como os ansiolíticos, por exemplo, mas isso só pode ser feito com orientação e supervisão de um médico veterinário. Em geral, recomendamos aumentar o contato com as pessoas e outros animais", afirma.
Segundo o especialista, também é preciso aumentar o número de passeios e a exposição ao sol para garantir uma boa síntese de vitamina D. A vitamina trabalha no bom funcionamento cerebral e na regulação do nível satisfatório de serotonina, trazendo a sensação de bem estar.
Além do sentimento de tédio, que atinge principalmente os animais de grande porte, a ansiedade da separação também contribui para o desenvolvimento de problemas comportamentais. O especialista alerta que, na maioria das vezes, o próprio dono do cão é responsável por causar essa síndrome.
"Algumas pessoas quando saem de casa fazem uma despedida até certo ponto dramática e, quando retornam, fazem aquela festa para seu bichinho de estimação. Sem querer, elas acabam estimulando a ansiedade no animal", explica Macellaro Júnior.
O especialista orienta que se o dono perceber que o seu pet apresenta sinais de apatia, isolamento e falta de apetite deve levá-lo para um médico veterinário para descobrir se existe uma causa médica associada aos sintomas.
Veterinário Aldo Macellaro Júnior, de Itu, explica os sinais de que o cão está entediado — Foto: Clube de Cãompo/Divulgação
Para garantir o bem-estar de Índia, Damaris conta que optou por hospedar o animal em um hotel fazenda para cachorros em Itu, que oferece uma série de atividades e 60 mil m² de área verde.
"Hoje, a Índia não toma mais medicamentos. Criei o hábito de levá-la mensalmente no hotel. Ela corre para dentro e nem olha para trás. Quando volta para casa, fica mais calma e super bem", afirma Damaris.
De acordo Macellaro Júnior, esse contato com a natureza e a interação com outros cães são fundamentais para garantir o bem-estar dos animais. Também é preciso dar opções para que eles se exercitem. "Um simples passeio, no início ou no final do dia, nem sempre é suficiente para gastar a energia acumulada", ressalta.
Contato com a natureza e a interação com outros cães são fundamentais para garantir o bem-estar dos animais — Foto: Clube de Cãompo/Divulgação
Além de evitar que os cães fiquem entediados, a prática de atividades previne o sedentarismo, que pode ocasionar outros problemas de saúde.
"Investir na socialização é muito importante para que o animal tenha uma qualidade de vida melhor. As relações sociais com outros pets e pessoas diferentes contribuem para tornar o bichinho de estimação mais saudável", completa Macellaro Júnior.
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